quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Ferreiro



O Ferreiro
"Era uma vez um ferreiro que, após uma juventude 
cheia de excessos, resolveu entregar sua alma a Deus.

Durante muitos anos trabalhou com afinidade, 
praticou a caridade, mas, apesar de toda sua dedicação, 
nada parecia dar certo na sua vida.
Muito pelo contrário:
Seus problemas e dívidas acumulavam-se cada vez mais.
Uma bela tarde, um amigo que o visitara , e que se compadecia de sua situação difícil , comentou:

- "É realmente estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar um homem temente a Deus,
sua vida começou a piorar.
Eu não desejo enfraquecer sua fé,
mas apesar de toda a sua crença no mundo espiritual, nada tem melhorado".
O ferreiro não respondeu imediatamente.
Ele já havia pensado nisso muitas vezes,
sem entender o que
acontecia em sua vida.
Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta,
começou a falar e terminou encontrando a explicação que procurava.

Eis o que disse o ferreiro:
- "Eu recebo nesta oficina o aço ainda não trabalhado 
e preciso transformá-lo em espadas.
Você sabe como isto é feito?

Primeiro eu aqueço a chapa de aço num calor infernal,
até que fique vermelha.
Em seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico golpes até que a peça
adquira a forma desejada.

Logo, ela é mergulhada num balde de água fria
 e a oficina inteira
se enche com o barulho do vapor, enquanto a peça estala 
e grita por causa da súbita mudança de temperatura.
Tenho que repetir esse processo até conseguir 
a espada perfeita: uma vez apenas não é suficiente".
O ferreiro deu uma longa pausa,
 e depois continuou:

"As vezes, o aço que chega até minhas mãos
não consegue aguentar esse tratamento
.
O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras.
E eu sei que jamais se transformará numa boa lâmina de espada.
Então, eu simplesmente o coloco no monte de ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria."

Mais uma pausa e o ferreiro concluiu:
"Sei que Deus está me colocando no fogo das aflições.
Tenho aceito as marteladas que a vida me dá,
e às vezes sinto-me tão frio e insensível
como a água que faz sofrer o aço.

Mas a única coisa que peço é:
"Meu Deus, não desista,
até que eu consiga tomar a forma
que o Senhor espera de mim.
Tente da maneira que achar melhor
pelo tempo que quiser
   Mas jamais me coloque no monte de ferro-velho das almas".

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